quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

SANTA MARIA MÃE DE DEUS

Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe

A Solenidade da Santa Maria Mãe de Deus é a primeira Festa Mariana que apareceu na Igreja Ocidental, sua celebração se começou a dar em Roma para o século VI, provavelmente junto com a dedicação – em 1º de janeiro – do templo “Santa Maria Antiga” no Foro Romano, uma das primeiras Igrejas marianas de Roma.
A antiguidade da celebração Mariana se constata nas pinturas com o nome de Maria, “Mãe de Deus” (Theotókos) que foram encontradas nas Catacumbas ou antiquíssimos subterrâneos que estão cavados debaixo da cidade de Roma, onde se reuniam os primeiros cristãos para celebrar a Missa em tempos das perseguições.
Mais adiante, o rito romano celebrava em 1º de janeiro a oitava de Natal, comemorando a circuncisão do Menino Jesus. Depois de desaparecer a antiga festa Mariana, em 1931, o Papa Pio XI, com ocasião do XV centenário do concílio de Éfeso (431), instituiu a Festa Mariana para em 11 de outubro, em lembrança deste Concílio, onde se proclamou solenemente Santa Maria como verdadeira Mãe de Cristo, que é verdadeiro Filho de Deus; mas na última reforma do calendário – após o Concílio Vaticano II – se transladou a festa para 1º de janeiro, com a máxima categoria litúrgica, de solenidade, e com título da Santa Maria, Mãe de Deus.
Desta maneira, esta Festa Mariana encontra um marco litúrgico mais adequado no tempo do Natal do Senhor; e ao mesmo tempo, todos os católicos começam o ano pedindo o amparo da Santíssima Virgem Maria.

O Concílio de Éfeso

No ano de 431, o herege Nestório se atreveu a dizer que Maria não era Mãe de Deus, afirmando: “Então Deus tem uma mãe? Pois então não condenemos a mitologia grega, que lhes atribui uma mãe aos deuses”. Ante isso, reuniram-se os 200 bispos do mundo em Éfeso –a cidade onde a Santíssima Virgem passou seus últimos anos– e iluminados pelo Espírito Santo declararam: “A Virgem Maria sim é Mãe de Deus porque seu Filho, Cristo, é Deus”. E acompanhados por toda a multidão da cidade que os rodeava levando tochas acesas, fizeram uma grande procissão cantando: "Santa Maria, Mãe de Deus, roga por nós pecadores agora e na hora de nossa morte. Amém".
Do mesmo modo, São Cirilo da Alexandria ressaltou: “Será dito: a Virgem é mãe da divindade? A isso respondemos: o Verbo vivente, subsistente, foi engendrado pela mesma substância de Deus Pai, existe desde toda a eternidade... Mas no tempo ele se fez carne, por isso se pode dizer que nasceu de mulher”.

Mãe do Menino Deus

"Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo sua palavra"
É desde esse Fiat, faça-se que Santa Maria respondeu firme e amorosamente ao Plano de Deus; graças a sua entrega generosa Deus mesmo se pôde encarnar para nos trazer a Reconciliação, que nos libera das feridas do pecado.
A donzela de Nazaré, a cheia de graça, ao assumir em seu ventre ao Menino Jesus, a Segunda Pessoa da Trindade, converte-se na Mãe de Deus, dando tudo de si para seu Filho; vemos porque tudo nela aponta a seu Filho Jesus.
É por isso, que Maria é modelo para todo cristão que busca dia a dia alcançar sua santificação. Em nossa Mãe Santa Maria encontramos a guia segura que nos introduz na vida do Senhor Jesus, nos ajudando a nos conformar com Ele e poder dizer como o Apóstolo “vivo eu mais não eu, é Cristo quem vive em mim”.

domingo, 25 de janeiro de 2009

MARIA SANTÍSSIMA NOS PRIMÓRDIOS DO CRISTIANISMO

Maria nos Evangelhos

É nos Actos dos Apóstolos que encontramos a última menção de Maria Santíssima na Sagrada Escritura, quando reunida se achava com os apóstolos e outras piedosas mulheres no Cenáculo: “Todos estes perseveravam unânimes na oração, juntamente com as mulheres e Maria, Mãe de Jesus, e com seus irmãos” (Actos I, 14).
Depois, nada mais se encontra que se refira directamente a Maria. Na Igreja nascente, a vida de Maria se confundia com as próprias obras de Jesus, e certamente, de modo muito íntimo, Maria participou em todas as actividades dos apóstolos, tomando parte em suas reuniões e confortando-os com sua presença. E Nosso Senhor conservou ainda sua Mãe Divina na terra por algum tempo, para que ela fosse a força e o conforto da Igreja nascente.
Assim, foi a vida de Maria, círculo luminoso de irradiação que se desenvolveu sempre. Mãe de Jesus, o Filho do carpinteiro, acompanhou-O em sua infância e adolescência, comprazendo-se do convívio de seu amado Jesus. Mãe do Messias, nos dias da sua vida pública, seus olhos O seguiam nas suas caminhadas, entre a incredulidade de muitos e a fé de outros, até que ao pé da Cruz se tornou a Mãe do Redentor.
Ei-la, agora, como centro espiritual da Igreja fundada por seu Divino Jesus, que a confiou à sua materna protecção, pelas palavras d a Cruz: “Mulher, eis aí teu filho”.
À Igreja nascente dava ela a sua vida consagrada a Jesus e à sua obra, o interesse pelas actividades e sofrimentos dos apóstolos por amor de Jesus, e sobretudo as suas orações elevadas a Deus a cada instante.
Estava sempre ao lado dos apóstolos e dos fiéis, em suas reuniões, na comum fracção do pão e na oração. “E perseveravam na doutrina dos Apóstolos e na comum fracção do pão e nas orações” (Actos II, 42).
E que alegria para os apóstolos, consolo em suas lutas, a companhia de Maria, entusiasmando-os na missão que Jesus lhes confiara.
Da Mãe carinhosa recebera a Igreja os primeiros cuidados. Foi ela quem a embalou no seu berço glorioso de seus primeiros tempos. Maria ainda vivera algum tempo, amparada por especial auxílio divino, pois a separação do Filho minava-lhe as forças e a intensidade das suas dores nela reflectia com singular violência.
Por amor de Jesus, suportara em seu coração as maiores dores possíveis a uma criatura e os sofrimentos se renovaram ao ver as perseguições movidas contra os apóstolos, os fiéis e a Igreja.
O amor que Maria consagrava a seu Filho a inflamava na ânsia de O ver, e suspirava por encontrar-se com ele no céu. Mãe e Filho deviam unir-se na glória, do mesmo modo que nos sofrimentos, como verdadeiros membros da humanidade. A morte de Maria não foi consequência do pecado, como nas demais criaturas, pois jamais existiu em sua alma a menor mancha da culpa. Foi antes o seu desejo ardente de ser em tudo conforme a seu Jesus. Foi, na afirmação piedosa, um doce sono. Maria fechou seus olhos na terra, para os abrir no céu, no encontro com o seu Divino Jesus.
Do alto do céu, após a sua Assunção gloriosa, Maria mergulha o seu olhar no mistério do reino, na vida da Igreja.
“Associada como Mãe e Ministra ao Rei dos Mártires, na obra inefável da Redenção, quando 0 oferecera no Calvário ao Eterno Pai, fazendo o holocausto de todo o seu direito materno e de seu maternal amor, estaria assim, como escreve Pio XII na Encíclica Mystici Corporis Christi, associada para sempre a Cristo, com um poder, por assim dizer, infinito, na distribuição das graças decorrentes da Redenção”.
A maternidade que Jesus lhe confiara do alta da Cruz, tinha agora, com a Assunção aos céus, o seu complemento e coroação.
Medianeira de todas as graças, Maria começou a ser desde os tempos primitivos invocada pelos fiéis, que reconheciam seu poder de intercessão.
Embora não tenhamos dados para provar que Ela tenha sido objecto de honras nos três primeiros séculos, afirmações inumeráveis se encontram da sua maternidade divina e demais prerrogativas, e da veneração que lhe tinham os fiéis.
As palavras e testemunhos do discípulo a quem Jesus amou com predilecção em sua vida na terra, e que foram louvores tecidos a Maria, como Mãe de Jesus, ouvidas elas pelos fiéis, se espalharam por toda parte como precioso tesouro, e jamais deixaram de se ouvir.
As vozes que se ergueram pela terra, na Ásia, África e na Europa, são unânimes em glorificar a mulher que pelo “fiat” da Anunciação se tornara a Mãe de Deus. Os discípulos de S. João receberam dele estes ensinamentos e os transmitiram íntegros às futuras gerações.
A história nos demonstra a antiguidade do culto de Maria.
Sua devoção foi recomendada pelo próprio Cristo, quando no-la deu por Mãe na pessoa de João. Cresceu esta devoção através dos séculos, especialmente após o Concílio de Éfeso, em 431, quando Nestório foi condenado, e proclamada a Maternidade Divina de Maria.
A raiz desta devoção a encontramos nos primeiros tempos.
Maria Santíssima fôra sempre entre os fiéis motivo de amor e de confiança. Vozes de protestos se levantaram por toda parte, quando Nestório atacou o fundamento de suas prerrogativas, a Maternidade Divina. E Nestório foi condenado.
Os cristãos, solícitos em glorificar os mártires, como nos demonstra a infinidade de testemunhos, jamais descuidariam do culto à sua Rainha e Mãe. O culto a Maria, que se revelou no mundo com tanto esplendor e refulgência a partir do século V, seria impossível, se fosse desconhecido no início da Igreja.
Nos monumentos das Catacumbas e nos escritos dos Santos Padres da Igreja, vamos encontrar as afirmações da sólida devoção a Maria Santíssima nos primeiros séculos de nossa era.

Cónego Paulo Dilascio
“As mais belas Histórias do Cristianismo”